Inaugurando um novo formato de encontro virtual e estudo de tema, DIÁLOGOS SEMPRE VERDES, o Programa Ambiental Galo Verde, se colocou ao lado de inúmeras entidades que, no dia 22 de março de 2021, promoveram algum evento para refletir a realidade da água nos nossos dias.
Dentro de um plano de ação que o Grupo Tarefa “Pró Parque Nacional de São Joaquim” (PNSJ) vem desenvolvendo, o foco desta vez foi para
A IMPORTÂNCIA DO PARQUE E SUAS NASCENTES
Evandro Meurer iniciou os trabalhos da noite com uma motivação bíblica citando e comentando o trecho de quando Jesus se encontra com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó e pede água à ela (João 4:5–8). Leu um poema de Dyovany Otaviano Riacho de Pedra/PE, previamente selecionado por Carla de Conto Schieck sob o título “Conversando com a água”.
O Ativista Wigold Bertoldo Schaffer apresentou o seguinte compilado de informações:
- uma pessoa precisa de 15 litros diários de água para viver e satisfazer necessidades;
- dia 21 de março foi o dia mundial das florestas: há conexão entre o dia da água e o dia das florestas;
- A ONU apresenta os direitos da água como uma maneira de conectar o planeta e a raça humana com recursos hídricos;
- a água é um patrimônio do mundo;
- a gestão da água é imprescindível para a sustentabilidade, pois acessar água potável é um direito das pessoas;
- em geral, a maior parte da água do mundo não pode ser usada porque contém sal;
- um grave problema ambiental enfrentado pelas pessoas é a falta de saneamento básico;
- praticamente, metade da população mundial enfrenta algum desafio relacionado à água;
- o stress hídrico é desencadeado pelo consumo excessivo;
- há graves desigualdades no acesso à água, seja Brasil, seja mundo;
- outro ponto que complica é a degradação dos ecossistemas que compromete o abastecimento;
- mudanças climáticas estão afetando o fornecimento da água em todo mundo;
- Brasil utiliza uma quantidade gigantesca de água para produzir soja e grãos para exportar. Ou seja: estamos exportando nossa valiosa água na forma de soja e grãos;
- problemas migratórios podem piorar com a escassez hídrica;
- o crescimento populacional, modelo de produção agrícola e pecuária altamente ineficientes comprometem a gestão hídrica em todo mundo;
- dicas práticas para conservar a água:
- proteção de ecossistemas, nascentes e fontes;
- usar cisternas, reusar e economizar água;
- proteger Unidades de Conservação para garantir o abastecimento de água potável para as cidades.
O Biólogo João de Deus Medeiros fez as seguintes considerações:
- comentou sobre o histórico das Unidades de Conservação;
- mencionou sobre limites e a área do Parque Nacional de São Joaquim;
- o Parque tem em torno de 50.000 hectares dentro do bioma da Mata Atlântica;
- foi criado (em 6.07.1961) para proteger a espécie Araucária, biomas e ecótono (transição entre biomas);
- no contexto do Parque, há diversos biomas complementares: floresta ombrófila densa, floresta de araucárias, matas nebulares e campos de altitude);
- o campo de altitude é uma relíquia de um clima anterior (é o Pleistoceno, onde predominava um clima seco e frio);
- com o findar do Pleistoceno, a tropicalização avança juntamente com o avanço das araucárias;
- campos de altitude são refúgios para espécies raras (biodiversidade);
- o manuseio do fogo destrói campos de altitude;
- e o mais importante é que o campo de altitude conversa a espécie da trufeira (planta que retém umidade);
- há diversas cidades com problemas de abastecimento, mudanças climáticas pioram o quadro e toda a biodiversidade é impactada;
- com isso, há escassez de água e chuvas torrenciais em diferentes épocas do ano;
- a formação geológica do Parque Nacional de São Joaquim (aquíferos Guarani e Serra Geral) são imprescindíveis para a recarga da água;
- No caso específico do Parque de São Joaquim, citou os seguintes pontos:
- é preciso conservar e recuperar o recurso hídrico;
- o consumo excessivo inviabiliza atividades econômicas;
- pessoas que têm moradia dentro do Parque precisam de indenização (celeridade do poder público);
- o Parque necessita de regularização fundiária;
- O Senador Dário Berger com um PL busca reduzir em 20% da área do Parque;
- Já o Senador Esperidião Amin quer aprovar esse Projeto de Lei (redução da área do Parque) em Regime de Urgência;
- assim, seria possível a instalação de complexos eólicos e uma rede de linha de transmissão.
- são atividades que trarão impactos ambientais enormes para o Parque;
- por sua vez, o Parque pode ser um indutor de desenvolvimento econômico melhor e democratizar a renda mais eficazmente do que os projetos dos Senadores.
Finalizada as falas do professor João de Deus, Luiz Felippe, membro da Comissão de Defesas dos Aparados da Serra, comentou sobre as fragilidades nos estudos de impacto, o turismo enquanto gerador de empregos e a importância de indenizar pessoas residentes no Parque.
Werner Fuchs citou sobre a estratégia de conhecer quais grupos estão interessados em reduzir a área do Parque para evidenciar essas conexões entre empresas e políticos.
João de Deus toma a palavra e disse que as famílias tradicionais que estão na política seriam as mais beneficiadas pelas alterações no parque. O próprio Dário Berger é sócio de uma empresa que explora luz e energia elétrica.
Já Wigold manifesta preocupação com a chegada de Carla Zambelli na Comissão de Meio Ambiente, pois isso pode significar problemas para a agenda ambiental. Por outro lado, Jaques Wagner pode ser uma aliança política estratégia para a agenda ambiental.
João de Deus citou Esperidião Amin como uma conexão entre empresas e políticos (foco na busca por votos).
Luiz Felipe citou a impopularidade das Unidades de Conservação, pois sofrem de baixo grau de implementação e infraestrutura mínima para boa educação ambiental.
O desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental é um forte motivo para popularizar a questão das Unidades de Conservação.
Já Evandro mencionou sobre articulações estratégicas com:
- moradores ;
- igrejas;
- entidades
Johannes Gerlach manifestou preocupação com a privatização das águas e a parceria público-privada que podem ser um empecilho para uma gestão das Unidades de Conservação.
Wigold explicou que uma parceria-público privada funciona como uma concessão para a iniciativa privada (alguns pontos da gestão de um parque podem ser cedidos para empresas).
Além disso, o ativista comentou coisas práticas que nosso grupo pode fazer:
- ação política: analisar a conjuntura do Parlamento;
- acionar o Ministério Público Federal;
- esclarecer a população.
Enquanto João de Deus aponta o diálogo com igrejas e famílias como uma oportunidade de confrontar essa política, Evandro “enxerga” o aniversário de 60 anos do Parque de São Joaquim como uma chance de mobilizar pessoas.
Werner menciona sobre a importância de procurar aliados estratégicos (a Rede Ecovida, por exemplo).
Carlos Eduardo Krueger comentou sobre a importância do Grupo Galo Verde para a fé e o cultivo de boas prática cristãs.
Felipe Gruetzmacher e Evandro Meurer