Entrementes, você já sabe que CO2 tem a ver com mudanças climáticas. São os gases de efeito estufa que aumentam a temperatura do planeta. Sabe também que o Brasil tem a maior floresta do mundo, que pode absorver esses gases e ajudar a reduzir os efeitos causadores das mudanças climáticas. Só que o primeiro é verdade e o segundo já não é mais. Por conta das queimadas, da criação extensiva de gado e da derrubada da floresta, a Amazônia deixou de reduzir esses efeitos e passou a colaborar fortemente para aumentar os riscos.
Segundo o Observatório do Clima, em um relatório publicado no dia 13 de junho, os primeiros lugares da lista dos dez locais que mais emitiram gases-estufa em 2019 não estão nos grandes centros urbanos. O primeiro lugar é de Altamira/PA; o segundo lugar é de São Felix do Xingu/PA; o terceiro é de Porto Velho/RO; o quarto é de Lábrea/AM; o sexto é de Pacajá/PA; o sétimo é de Novo Progresso/PA; o nono é de Colniza/MT e o décimo é de Apuí/AM. São todas localizadas dentro da Amazônia. São Paulo é somente o quinto lugar nesta lista e o Rio de Janeiro o sétimo, os únicos dois locais fora da grande floresta.
As emissões medidas em Altamira/PA a colocariam em 108ª posição num ranking de países poluidores, à frente da Noruega e da Suécia. Os dados são provenientes da segunda edição do Seeg Municípios (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa). Segundo o estudo, 35,2 MtCO2e (milhões de toneladas de CO2 equivalente, uma medida que unifica os gases-estufa) foram emitidos por Altamira em 2019.
Enquanto cada habitante do Qatar emite 41 toneladas de CO2, sendo o maior país emissor per capita do mundo, em União do Sul/MT, com 3.760 habitantes, cada pessoa emite assombrosas 1.831 toneladas de CO2. Outros lugares da Amazônia despontam com níveis altos de emissões per capita, como Jacareacanga (690 toneladas de CO2) e Novo Progresso (580 toneladas de CO2).
(Clovis Lindner, com informações da Folha de SP)