De Felipe Gruetzmacher
Como alinhar a questão ecológica com a palavra de Deus no contexto da Universidade de teologia?
Em geral, pessoas que não atuam nas Universidades acreditam que a ciência seja complexa demais.
Até mesmo a linguagem acadêmica, cheia de termos técnicos e científicos, não é facilmente compreendida.
Vamos esclarecer alguns pontos, então:
- a) O cientista se preocupa em procurar a verdade (descobrir coisas). Formula hipóteses e procura comprová-las. Não há, no entanto, necessidade de transformar essas descobertas numa aplicação imediata.
Um cientista que estuda a genética de uma planta está preocupado em desvendar os mistérios da vida e não quer, necessariamente, ganhar dinheiro com isso.
Um doutor em teologia, noutro exemplo, está mais focado em escrever artigos científicos (periódicos) sobre livros da Bíblia.
- b) Pessoas formadas nas Universidades ingressam no mercado de trabalho e usam o conhecimento técnico para servir o cliente dentro do contexto das profissões.
Um médico, diferentemente do cientista do primeiro caso, tem interesse em usar a medicina de maneira prática (atendendo o usuário dos sistemas de saúde).
Por sua vez, o pastor entrega serviços para a comunidade (enterros, celebrações, cultos e assim por diante).
Da mesma maneira, doutores em ecologia, às vezes, possuem um conhecimento sobre a biologia que é distante demais da realidade das pessoas “não acadêmicas”.
Acontece a mesma coisa com doutores em teologia.
No entanto, essas três maneiras de compreender o mundo são complementares.
A sabedoria das pessoas comuns (experiência de vida) precisa estar integrada com os saberes técnicos (profissão) e o saber científico (conhecimento do cientista).
Estudar a fundo sobre o livro de Jó significa refletir sobre o sofrimento humano, por exemplo. É quando a ciência da religião analisa a experiência humana da dor e, a partir disso, constrói prováveis explicações e indagações para que a Universidade se conecte com a sabedoria do povo.
E isso abre espaço para “encaixar” a questão ecológica dentro do contexto de uma ciência cidadã e uma teologia sintonizada com esses saberes do dia a dia.
Vamos aos exemplos:
1) Que tal uma Universidade preocupada em provocar uma reflexão sobre as dificuldades do cristão (compreender a fundo sobre o livro de Jó) num mundo castigado por problemas ambientais e crises ecológicas?
Ora,a crise ecológica é, também, fonte de dilemas enfrentados pelos cristãos e é fruto do pecado e da desconexão com Deus.
2) Que tal uma Universidade que estuda profundamente a questão da simbologia do Apocalipse (o cordeiro, o dragão, a morte e o dia do juízo final) alinhada com a devastação ambiental?
Fica a sugestão de como “encaixar” a ecologia, os saberes populares e a ecologia do Galo Verde com uma ciência da teologia que se diz cidadã.